quinta-feira, 25 de março de 2010

RELATOS DE UM "MONSTRO" !



O pedófilo Edson Alves Delfino, 31, admitiu, em depoimento no Tribunal do Júri, nesta quinta-feira (25), que sentiu um "desejo inexplicável" que o impulsionou a matar o menino Kaytto Guilherme, 10. O assassinato se deu após Edson ter violentado sexualmente o garoto e este ter dito que iria contar o fato para o pai, Jorgemar Silva Pinto."Vem do nada esse desejo [de violentar sexualmente meninos e matá-los] (...) Não é algo planejado (...) Me vejo como um monstro, fora de si (...) Eu preciso de um tratamento (...) Sinto nojo de mim mesmo, depois que faço a violência (...) Fico com ódio de mim", disse Edson.Ele assumiu a autoria do crime perante aos jurados, reafirmando todas as declarações dadas às autoridades policiais. Ele contou poucos detalhes do acontecido no matagal, onde violentou e matou o menino, alegando que não conseguiria expressar e nem se lembrar do que aconteceu no local. "Não consigo expressar. Não lembro", esquivou-se, repetidas vezes.O assassinato de Kaytto se deu por enforcamento: Edson revelou que, assim que violentou o menino, pegou a cueca dele e, usando um pedaço de madeira, fez uma espécie de "torniquete" e o enforcou. "Nem sabia o que era torniquete, sei que torci o pedaço de pau e enforquei o menino", declarou.O crime aconteceu no dia 13 de abril de 2009 e só foi descoberto com a prisão de Edson Delfino, cinco dias depois, quando ele tentava fugir de Cuiabá, se deslocando para Campo Grande em um ônibus. "Não fugi antes não sei por que. Recebi um dinheiro do meu irmão [Toninho, com quem ele trabalhava] e decidi fugir", disse, ao afirmar que iria ficar na casa do pai, na capital de Mato Grosso do Sul.No dia do crime, ele contou que, pela manhã, tomou pinga e cerveja no bairro Santa Isabel, depois foi para um trabalho, na casa de um advogado, no bairro Verdão, saindo de lá às 11 horas. Ao utilizar, segundo ele, um atalho para não passar pela Avenida do CPA, para não cair em blitz da PM, seguiu pela rodoviária, passando pelo bairro Paiaguás, onde encontrou Kaytto no ponto de ônibus."Não premeditei nada. Vi Kaytto no ponto, parei na intenção de conversar, mas me deu a 'vontade'". Esse impulso vem do nada, quando penso que não está acontecendo", declarou. Em nenhum momento do depoimento, Edson Delfino falou da violência sexual, contava até a entrada do matagal e pulava para o assassinato.Ressaltando que ofereceu carona ao menino, ele subiu na moto, com a promessa que o levaria até o escritório do pai, quando veio à mente a idéia de praticar a violência sexual. Ele disse ao menino que iria pegar um capacete, mas o verdadeiro caminho tomado era o local do crime. "Depois foi que tive a intenção levar [o garoto] para o mato", contou.Questionado pelo promotor de Justiça, João Augusto Veras Gadelha, como ele se sentia com toda essa situação, Edson Delfino declarou que sente tormentos e perturbações com as crianças que já violentou e matou. "Elas voltam como um tormento na minha cabeça. Sempre quando estou sozinho ou em forma de pesadelos", declarou.Delfino, que é adotado e só ficou sabendo aos 11 anos, informou que foi violentado sexualmente em três oportunidades, quando tinha nove anos, e até tentou o suicídio, quando adulto. Nunca pensou em ter filhos. E que, ao violentar, só tem a intenção de ser o ativo. Ainda revelou que, quando acontece vai "até as últimas conseqüências".Perguntado por Gadelha se ele teria conhecimento de que abusar sexualmente de crianças é de crime, ainda mais que o criminoso já havia sido condenado há 46 anos e oito meses por praticar um crime semelhante, Edson permaneceu em silêncio. Momentos depois, disse: "Cheguei a chorar por este e os outros casos".Em discurso alinhado com a defesa [feita pelo defensor público, Altamiro Araújo Oliveira], Edson questionou sua sanidade mental, informando que já foi internado no hospício Adauto Botelho, para se passar por louco e não chegar a ser preso novamente. "Nem a medicina explica minha cabeça. Como é que vou conseguir explicar minha cabeça?", disse. Porém, laudo de sanidade mental de Edson apontou que não há transtornos mentais.O Júri Popular segue e a previsão é que seja concluído na noite desta quinta-feira.

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