segunda-feira, 12 de março de 2012

COISA DE CINEMA EM MT - Família em MT paga R$ 5 milhões de resgate de refém e exclui a Polícia


Tudo foi feita com muita discrição. Nem todos os parentes da vítima, muitos menos os empregados da família ficaram sabendo. Desta vez a Polícia não foi acionada mesmo, conforme a exigência dos sequestradores. Só seis pessoas:  o pai, a mãe, os outros dois irmãos, o advogado de confiança e a reportagem ficaram sabendo. Aliás, sabendo da fidelidade no trato com as informações, o advogado fez contatada, pedindo para que ajudâssemos a manter o silêncio e não divulgasse qualquer tipo de informação que por ventura vazasse sobre o sequestro. O advogado só não revelou na época quem era a vítima, muito menos a família. E o silêncio foi mandido


Como não existe o crime perfeito, pode-se dizer “foi um crime quase perfeito”. Possivelmente uma das mais bem sucedidas extorsões mediante sequestro da história da Polícia de Mato Grosso. Os bandidos conseguiram convencer as vítimas e seus familiares a não acionarem as forças de segurança. Em troca eles aceitaram a bagatela de R$ 5 milhões para devolver com vida o refém. A pedida inicial foram R$ 15 milhões. Armados de pistolas, um fuzil uma metralhadora e pelo menos seis bananas de dinamites, o bando tomou o universitário como refém e impôs uma condição para não matá-lo: que o pagamento fosse feito, em no máximo uma semana. Local, São Paulo.

Uma semana depois do sequestro, um membro da família, uma das mais ricas de Mato Grosso, admitiu o caso para o portal de notícias 24 Horas News. Mas  também com uma condição: que não se citasse nomes, sobrenomes, atividades da família e, principalmente o bairro em que a família mora. A história foi autenticada por um advogado envolvido nas transações.

A história contada é essa! Quatro homens armados abordaram um veículo de luxo, que trafegava pela Avenida Fernando Correa da Costa, do Coxipó em direção ao centro de Cuiabá, por volta das 2  horas da madrugada de sexta-feira, 24, de fevereiro. “Calma. Nós só queremos o dinheiro da tua família”, disseram os bandidos a um jovem universitário de 21 anos, que nem teve como reagir.

Bem vestidos e falando um português correto, os bandidos passaram a vítima para o carro em que eles estavam: uma camionete Hilux escura, mas um deles seguiu atrás no carro do jovem. A vítima foi levada direto para um cativeiro, um local previamente preparado, sem muito conforto, mas discreto.

A primeira ligação para a família aconteceu ainda na madrugada do sequestro. “Queremos discrição. Sabemos que em todos os sequestros a família promete, mas por trás aciona a Polícia que passa a monitorar todas as nossas conversas. Vocês são quem sabem. Se um de nós for preso, a ordem da chefia é matar a vítima e todos os membros da família. Nosso negócio é apenas o dinheiro.

Queremos 15  milhões, mas se for jogo rápido, pois sabemos que não é fácil levantar 15 milhões sem chamar a atenção, aceitamos 5 milhões, mas isso em menos de uma semana”.

Mesmo que os bandidos não exigissem a família não iria mesmo acionar a Polícia por vários motivos. Motivos, no entanto, que o porta-voz não quis comentar, muito menos entrar no assunto, que para eles já estava superado.

“Palavras são palavras e quando empenhamos uma palavra temos que cumprir, principalmente quando uma vida humana. Uma pessoa jovem e muita querida está em risco de morte. Aliás, em risco estivemos todos nós por uma semana”, comentou o interlocutor.

Depois da primeira ligação, os bandidos, demonstrando muito profissionalismo:  ligaram apenas mais cinco vezes. Três delas para que a vítima conversasse com a família. Uma para marcar o local onde o dinheiro seria deixado, e a última para avisar onde a vítima havia sido abandonada, 36 horas depois da entrega do dinheiro.

No dia em que os bandidos ligaram para dizer para a família o local onde era para o dinheiro ser deixado, eles simplesmente avisaram: “Vão duas pessoas em um carro. Um vai descer e pegar o malote com a grana. Os dois não vão nem armados. Se vocês estão jogando sujo os dois vão ser presos e eles sabem disso. Só que, o filhinho de vocês também vai para o pau”, alertaram.

Na sexta-feira, 2, às 22 horas, no local combinado a família entregou o malote com R$ 5 milhões. Dez minutos depois os dois bandidos pegaram o dinheiro. O jovem universitário sequestrado chegou na casa da família em um táxi às 10 horas da manhã de domingo (11).

Questionado por que a família resolveu silenciar, mesmo depois do fim do seqüestro, o porta-vez afirmou que foi o que todos acharam melhor, inclusive a própria vítima, pois o mais importante era a vida. Para a família, o dinheiro pode muito bem ser recuperado com mais um pouco de trabalho. Agora a vida, essa ninguém consegue garantir principalmente quando se empenha uma palavra, mesmo que seja com bandidos,  que cumpriram tudo o que prometeram durante o sequestro.

“Não dá para confiar em ninguém. Meia hora depois que a família registrasse a ocorrência, toda a imprensa iria noticiar dando nomes aos bois e todos os detalhes. Ai a Polícia teria que abrir inquérito e uma investigação, com certeza poderia levar até os bandidos. Mas e daí. Quem garantiria a integridade de nossa família. Em risco, os bandidos, mesmo não pedindo que não falássemos depois do seqüestro, poderiam sentir que estavam em risco e poderiam cumpria as ameaças. Achamos melhor continuar em silêncio e sem registrar ocorrência”, analisou.

Questionado ainda pelo menos o local onde o jovem foi deixado pelos bandidos, o porta-voz da família foi bem claro: a família jamais, em tempo algum, por qualquer motivo vai se movimentar contra os sequestradores, pois para ela(a família), o caso está simplesmente encerrado.

“Olha, nós aceitamos conversar com  porque conhecemos o advogado que também confia demais em vocês. Mas é bom lembrar que nós também fizemos um pacto para que nada fosse revelado sobre nomes, sobrenomes, locais e esse pacto nós vamos cumprir. Vou te falar uma coisa para que tudo fique bem claro. Nem se a Polícia prenda essa quadrilha em outro caso nós não iríamos aparecer para reconhecimento.

Primeiro porque nós da família não vimos ninguém, e nem as vozes nós lembramos mais. Segundo porque a vítima também não viu nada. Foi encapuzada e levada para um cativeiro, onde tinha de tudo à mão para que justamente não houvesse nenhum tipo de contado. Isso prova que os caras eram profissionais. Ficou claro”.

Fonte:24horasnews

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