domingo, 2 de dezembro de 2012

HISTÓRIAS DA VIDA - Ex-morador de rua vira empresário e já negocia 17 franquias de sua marca de tapiocas


Durley Soares diz que não quer ficar mais rico, quando fala sobre a expansão de sua marca, a tapiocaria brasiliense Raízes do Sertão, para outros sete Estados do Brasil, com a venda de 17 franquias. O ex-morador de rua que hoje é um empresário bem sucedido diz que quer ampliar os negócios para fundar um projeto social de profissionalização de pessoas carentes. Porém, até poder pensar em um projeto assim, ele percorreu um caminho árduo pela sobrevivência.
Aos 17 anos, Durley já trabalhava duro para sustentar a família, com 11 irmãos, em Planaltina (GO), região administrativa do DF. Após construir uma casa para os familiares com o dinheiro do trabalho como engraxate e vendedor ambulante, o jovem se revoltou com a ingratidão do pai, saiu de casa e preferiu ir morar nas ruas do Plano Piloto.
Na maior parte desse período como morador de rua, Durley contava com a ajuda de um zelador que permitia que ele dormisse em baixo de um bloco residencial da quadra 411 da Asa Norte, região central de Brasília. Ele diz que sofreu bastante nesse período, vítima do preconceito das pessoas em relação à população de rua.
— Quando se está na rua, ninguém se aproxima, as pessoas têm nojo. Até balde de água jogaram em mim, em pleno mês de agosto, época de frio.
O jovem resolveu voltar para casa sete meses depois, após ficar comovido ao ver uma reportagem na TV em que a mãe dizia estar sofrendo pela falta dele.
De volta ao lar, ele conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada em 1998 em um shopping da capital, trabalhando até as 16h e, após o expediente, vendendo biscoitos até às 22h. No mesmo ano, saiu novamente de casa, dessa vez para morar sozinho.
Em 2008, Durley já estava casado, morava em Samambaia, região administrativa do DF, e esperava o primeiro filho biológico. Preocupado com o sustento da criança, ele buscou um curso de formação de garçons no Senac.
— Logo que concluí o curso fui convidado a trabalhar em um restaurante na Asa Norte, fui chamado para ser garçom, mas o dono viu o meu empenho e me promoveu ao cargo de gerente geral depois de dois dias de trabalho.
Após quatro anos juntando dinheiro com o trabalho de gerente, Durley pode arrendar uma tapiocaria que funcionava ao lado do restaurante. Sete meses depois, foi obrigado a fechar as portas por problemas com a documentação do estabelecimento.
Frustrado com o negócio, o jovem resolveu abrir sua própria tapiocaria. Com uma reserva de apenas R$ 700, Durley começou uma jornada para conseguir dinheiro suficiente para o investimento inicial.
Amigos próximos, entre eles o radialista Diego Valadares, conseguiram empréstimos bancários que possibilitaram o aluguel e a reforma de uma loja na quadra 309 da Asa Norte. Sem garantia para financiar os equipamentos e utensílios necessários para o funcionamento da tapiocaria, Durley convenceu o dono da loja após ter contado a sua história de vida.
— Depois de uma hora de conversa, o gerente me perguntou o que eu teria a oferecer como garantia e eu respondi que era a minha palavra, que valia mais do que tudo que ele pudesse ganhar na vida. Aí consegui comprar tudo, dividido em 12 vezes.
Com tudo pronto, Durley espalhou faixas em balões de diversas ruas da cidade e chegou a ser multado pela Agefis (Agência de Fiscalização). No entanto a divulgação foi realizada e ele pôde abrir, em abril de 2011, uma das maiores tapiocarias de Brasília, com 78 metros quadrados e capacidade de atender 90 pessoas. No cardápio, mais de cem sabores diferentes, dos quais 86 foram criados e registrados pelo ex-morador de rua.
Em sete meses, o investimento inicial foi recuperado. Um ano após a abertura da primeira loja, o empresário começou a se preparar para abrir a segunda, na Asa Sul. A primeira filial da tapiocaria na cidade foi inaugurada no último dia 13 de outubro. Ao todo, até junho do ano que vem, serão cinco lojas da Tapiocaria Raízes do Sertão. A primeira proposta de franquia chegou do Paraná. No auge da procura, a marca chegou a receber 78 propostas em um mês. Hoje, o empresário recebe, em média, 15 pedidos para a reprodução da marca, que não sai por menos de R$ 128 mil.

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