O procurador geral da república Roberto Gurgel pediu a aplicaçao de penas aos 36 dos 38 réus da Ação Penal 470, mais conhecida como Mensalão. Em uma sessão cansativa, foi o centro das atenções durante o segundo dia do julgamento e utilizou as cinco horas que haviam sido dedicadas à leitura das acusações aos 38 réus do processo.
Por volta das 19h45 (horário de Brasília, Gurgel encerrou a sua participação e pediu a expedição dos mandados de prisão de todos os cuplados tão logo se encerre o julgamento do Mensalão. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
Sem citar nomes, ele revelou a pressão que recebeu nos últimos meses para não apresentar as acusações que foram formuladas pelo Ministério Público. "Foi sem dúvida, segundo ele, o mais atrevido esquema de desvio de recursos públicos", declarou.
O procurador começou apresentado José Dirceu como o mentor do Mensalão. Ao lado dele, segundo a denúncia, aparecem o empresário Marcos Valério, o principal intermediador do esquema, além de petistas como José Genuíno, Delúbio Soares e empresários. Logo após, citou um a um, conforme o grau de envolvimento, os acusados de participação do esquema que perdurou durante o primeiro governo do presidente Lula.
O procurador afirma que Marcos Valério sabia dos acordos de José Dirceu para o pagamento dos acordos políticos com a base aliada. "Nada acontecia sem o conhecimento de Dirceu. Era o mentor do grupo", sustenta.
Sobre o deputado Pedro Henry (PP-MT), Gurgel afirmou que o progressista participou ativamente das negociações com o Partidos Trabalhadores para venda de apoio político dos integrantes de seu partido em votações no Congresso Nacional.
Logo no início de sua sustentação oral, Gurgel citou o livro "Os donos do Poder", do jurista Raimundo Faoro, para situar o plenário de que a confusão entre negócios públicos e privados continua no Brasil após cinco séculos.
Também fez menção à ética na esfera pública e citou a "ética weberiana", baseada no filósofo e cientista social alemão Max Weber, para ilustrar o envolvimento dos mensaleiros com a "coisa pública".
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