Foi uma sessão ao melhor estilo “arrasa quarteirão”. Não sobrou pedra sobre pedra. Além de ter as contas rejeitadas – o que o coloca no rol dos inelegíveis na próxima eleição -, de ser afastado do cargo por seis meses e ainda ter que se submeter a uma investigação política, Murilo Domingos, em leito de convalescência, ainda perdeu, de quebra, seu “fiel escudeiro” no Legislativo: o vereador Charles Caetano, do PR, anunciou que entregou a liderança na terça-feira, dia 1, e criticou o prefeito por não ouvir ninguém.
Os vereadores se regozijaram com o ato histórico. Afinal, o Legislativo de Várzea Grande sempre foi passivo, interesseiro e desprovido de qualquer desejo de se impor. "Não temos nada, não temos shopping, cinema, rede esgoto, água, terra de Couto Magalhães tem que merecer o nome de Couto Magalhães e é por isso que estamos aqui, não estamos fazendo mais que nossa obrigação” – vociferou Madureira.
“Fomos eleitos com o voto dos senhores para trabalhar, para legislar e estamos fazendo nosso trabalho. Muitos não acreditavam que algo seria feito, que eu era mais um no bolso do Murilo e foi provado para vocês que não estou no bolso, fomos até onde deu, mas chegamos no fundo no poço" – justificou, fazendo acender a luz entre o que se ouve e o que se sabe das históricas relações entre Câmara e Prefeitura.
Murilo e Tião da Zaeli ficarão fora da Prefeitura por 180 dias. Obvio, se o Judiciário assim entender. Ninguém em sã consciência deixou o prédio do Legislativo acreditando que a dupla Murilo-Tião vai deixar barato para os vereadores rebeldes. Só para lembrar, prefeito e vice quase chegaram as vias da ira e da revolta por conta do apego ao cargo. Os racionais crêem que nas próximas horas uma liminar deve aportar na mesa de João Madureira dizendo que tudo que os vereadores fizeram estará suspenso até ulterior decisão. É esperar parar ver.
Atélá, no entanto, os vereadores saboreaiam a decisão e correrão contra o tempo. Na mesma velocidade em que Murilo e Zaeli irão buscar respaldo do Judiciário para continuarem governando Várzea Grande, os vereadores deverão acelerar para instalar e iniciar os trabalhos da CPI aprovada na “noite histórica”. Integram a CPI os vereadores Isabela Guimarães, como presidente; Fábio Saad, relator, e Hilton Gusmão, membro. A eles caberão investigar os desmandos administrativos, os esquemas de corrupção, desvio de dinheiro e outras tantas falcatruas e picaretagens reveladas nesses quase sete anos de gestão.
E o primeiro caminho está nas próprias contas do prefeito relativas a 2009. De acordo com o Tribunal de Contas, Murilo cometeu nada mais nada menos que 70 irregularidades consideradas insanáveis. Murilo foi condenado a devolver aos cofres do Município algo em torno de R$ 3,5 milhões. Como se diz em Várzea Grande mesmo, “de mamando a caducando” ilegalidades tem para todos os gostos na Prefeitura. Na época do julgamento das contas, o relator Valdir Teis chegou a fazer joça com a situação: disse que era impossível julgar as contas de Murilo frente ao que possuía em mãos e ainda afirmou que o município precisa de um choque de gestão, pois não existe controle e nem planejamento. O caos em Várzea Grande estava instalado.
fonte:24horasnews
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