sábado, 14 de janeiro de 2012

SÁBADO DE TRAGÉDIA - Ex-presidente da Assembléia e mais dois morrem em queda de avião de pequeno porte em Cáceres


Foto: jornaloeste


O ex-presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, Antônio Carlos Lopes do Amaral, 60 anos, irmão da empresária Maridalva Amaral Vignardi, dona da Radio Difusora de Cáceres, é uma das três vitimas fatais de um acidente com um avião de pequeno porte de prefixo PRRGF 7A36 que caiu na manhã de hoje, 14, em um sitio na comunidade de Pé de Anta a 18 quilômetros de Cáceres. Até o momento apenas Amaral foi identificado, ele estaria pilotando o avião que saiu de Pontes e Lacerda com destino à Cuiabá. Ele mora em Pontes e Lacerda há vários anos.

A queda teria ocorrido por volta de 8h e aeronave foi encontrada por um sitiante que acionou os Bombeiros.

Amaral foi deputado entre 1987 e 1991, presidente Mesa Diretora de 1989 a1991 e presidiu a Assembléia Constituinte de 1989.

Ele era engenheiro agrônomo e tinha fazenda em Pontes e Lacerda, onde mora um de seus três filhos, que desistiu de vir no avião na última hora. Segundo familiares, ele fazia a viagem com frequência e estava na fazenda desde quarta-feira.

Viajavam com ele um amigo de Santa Fé do Sul, Vitorio Pereira dos Santos e o contador João Batista Paulo do Carmo, de 28 anos, de Pontes de Lacerda, conhecido como "João do Alpha". João estava indo para Santa Fé trabalhar com Amaral.

Sitiantes da região contaram que ouviram o avião ter três falhas no motor, em pouco espaço de tempo, e depois cair em parafuso, numa planície alagada com cerca de 30 centímetros de água. Pedaços dos corpos e das aeronaves ficaram espalhados num raio de 60 metros. Os peritos tiveram a ajuda dos sitiantes para juntar os pedaços dos corpos -membros, vísceras, dentes.

"Visualmente é impossível o reconhecimento. Só mesmo através do DNA"-explicaram

A família informou que o corpo dele e do amigo Vitório serão transladados para Santa Fé do Sul de avião, amanhã de manhã. O corpo do contador será levado para Pontes e Lacerda.

Hoje, uma equipe do Departamento de Aviação Civil chega a Cáceres para começar a investigar a causa do acidente. Amaral deixa esposa e três filhos. João Batista era solteiro. (Colaborou Clarice Navarro Diório)

Amaral

Amaral ingressou na Assembléia Legislativa pelo antigo MDB (hoje PMDB) em 1987, e depois migrou para o Partido da Reconstrução Nacional (PRN), na expectativa de disputar o governo do Estado. Ele presidiu a mesa diretora entre 1989 e 1991, ou seja, exerceu apenas um mandato.

Diante da frustação de seu projeto de disputar o Paiaguás, Antonio Amaral chegou a ter seu nome cogitado para ser o candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo então prefeito de Várzea Grande, Jaime Campos (atualmente senador da República), que se elegeu facilmente governador de Mato Grosso em 1990 diante do caos político-administrativo deixado pelo PMDB, que conquistou o poder mas eleições gerais de 1986.

A despeito de seu projeto político, a gestão de Antonio Amaral foi marcada por muita polêmica em decorrência de um embate histórico com o Poder Executivo, comandado pelo PMDB (administração Carlos Bezerra-Edson de Freitas), por causa dos atrasos nos repasses dos duodécimos e da mixórdia político-administrativa.

A gestão da dupla peemedebista terminou de forma melancólica, com cinco meses de salários atrasados e com o afastamento de Edson Freitas do Governo, vítima de uma acidente vascular cerebral (AVC) enquanto pilotava um ultraleve na região da Chapada dos Guimarães.

Ex-braço direito de Amaral no setor da imprensa, o jornalista José Carlos Dias o primeiro a apoiar o ex-deputado e abrir espaço na então fechada imprensa de Mato Grosso, sobretudo nos jornais, ressalta que a gestão do ex-presidente da AL foi uma espécie de 'divisor de águas', pois foi um "estrangeiro" a assumir o comando do Legislativo e ser cotado para disputar o cargo de governador, numa carreira meteórica.

A primeira entrevista concedida por Amaral, na qual expôs seus projetos, recorda Dias, que foi secretário de Comunicação da gestão Blairo Maggi, foi para o Jornal do Dia, hoje já extinto.

"Foi um momento histórico porque havia um bloqueio por parte dos jornais da capital. Foi um período histórico, com a eleição do (Fernando) Collor (ex-presidente da República). Muitas coisas melhoraram e outras pioraram, mas bem ou mal foi um período importante para consolidar a democracia", avalia José Dias.

NOTA DE FALECIMENTO

Presidente da AL lamenta a morte de ex-deputado Amaral

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT) lamenta a morte do ex-presidente da Casa, Antônio Carlos Lopes do Amaral, 60 anos, que faleceu nesta manhã (13/01), com a queda de uma aeronave, na região de Cáceres, 225 km de Cuiabá. Antônio Amaral atuou na AL como deputado do PMDB de 1987 a 1991 e foi presidente da instituição durante a promulgação da Constituição do Estado de Mato Grosso (1989 a 1991).

O presidente da AL, José Riva, afirma que Amaral teve participação importante nos trabalhos da constituinte e em sua promulgação. “Ele participou de forma singular durante todo o processo, com deputado e presidente da Casa, na intenção de construirmos a nossa legislação. Foi deputado de um mandato só, mas deixou sua marca na história. Foi com pesar que tomamos conhecimento da notícia e desejo que Deus conforte a família dele e das outras vítimas neste momento”. (Marcos Coutinho)
Por: Jornal Oeste em 14/01/2012 09:35:12

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